R E V I S T A T K V V . 2, N º 10 - 2 0 2 2
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EDITORIAL
por Neide Neves e Lívia Sernache Rios
Comemoração dos 5 anos da revista
Ano dois mil e vinte e dois, segundo semestre. Tentativas variadas de adaptação a novas modalidades de ensino, hábitos de comunicação mediada pelas telas, consequências da falta de estímulos de um ambiente presencial múltiplo e diverso durante o isolamento social prolongado, exigências de um ritmo acelerado de informação e de produção. Consequências físicas, psicológicas, sociais. Desmonte da saúde e da educação, negação da ciência, precarização das relações de trabalho, incertezas quanto ao futuro profissional e descrédito da importância da arte como área de conhecimento fundamental para a saúde humana. Urgência de resistir para alimentar a esperança com ações individuais e coletivas no sentido de um mundo com condições mais humanas e igualitárias.
Neste ambiente de resistência e afirmação da relevância da arte, encontramos razões para comemorar o aniversário de 10 anos do curso de Especialização em Técnica Klauss Vianna, na Educação Continuada, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Em 11 de agosto de 2012, ministrávamos a primeira aula do curso, exatamente na véspera do aniversário de Klauss Vianna, que estaria completando 84 anos. Atualmente, podemos confirmar a certeza inicial em relação à consistência desta pesquisa sempre em andamento - como propunha o mestre - ao nos unirmos no “Grupo de Pesquisa – ensino e criação – em Técnica Klauss Vianna”, Jussara Miller, Luzia Carion, Marinês Calori e eu, Neide Neves, em 2005.
A meio caminho desta trajetória, em setembro de 2017, Camila Soares, Lívia Vilela, Monica Galvão e eu lançávamos a primeira edição da Revista TKV, hoje denominada Revista TKV – Poéticas e Políticas do Corpo, com o esforço valioso e competente de um grupo composto por alunas e professoras. Já são 9 edições, que atestam a colaboração com vários campos de pesquisa, na saúde, na educação e na arte, de ex-alunes e outres profissionais de áreas afins, onde o corpo é o objeto central de estudos, que encontram, no contato com a pesquisa da Escola Vianna, inquietações para seguir refletindo sobre a centralidade do corpo e do movimento na evolução e desenvolvimento humanos.
Esta 10ª edição é uma publicação comemorativa, portanto, especial! Reúne textos que envolvem a Escola Vianna, como nomeia Jussara Miller, “justamente para acolher esse pensamento da família Vianna como a origem de uma pesquisa e os desdobramentos pelos pesquisadores que vêm depois, a partir da originalidade e singularidade de cada um/a”. Assim, propomos a sequência de textos desta edição de forma a emaranhar escritos sobre o legado de Angel, Klauss e Rainer Vianna. Os pesquisadores que desdobram o pensamento da Escola Vianna são muitos, e o fazem das mais diversas formas, estando aqui reunida uma parte desta continuidade, uma pequena mostra do quão transformador é o encontro com esta maneira de compreender e investigar o corpo e o movimento. Planejamos o encadeamento dos textos a seguir de forma a começar pelos autores que tiveram contato direto com a família Vianna, ou seja, os que conviveram diretamente com “as fontes” e beberam nela.
Abrimos nossa edição com uma conversa calorosa, na qual Cora Miller Laszlo entrevista Jussara Miller, em A Escola Vianna e seus desdobramentos: um diálogo entre gerações. Cora é especialista em Técnica Klauss Vianna (PUC-SP) e filha de Jussara. Docente da Pós-Graduação em TKV, Jussara Miller compartilha conosco seu primeiro contato com Klauss, em 1986, no estúdio Ruth Rachou (SP), e como sua pesquisa caminhou a partir de então.
No ensaio Angel Vianna - que nome tem você em mim, Thereza Feitosa traz reflexões a partir de experiências como aluna de Angel Vianna, desde meados dos anos 70. Thereza é especialista em Metodologia Angel Vianna e coordenadora do curso de Pós-graduação em Conscientização do Movimento e Jogos Corporais - Metodologia Angel Vianna (FAV-RJ). Thereza integrou o corpo docente da Pós-Graduação em TKV (PUC-SP).
Zélia Monteiro, em O que aprendi com Klauss, conta-nos sobre os inúmeros ensinamentos na convivência com ele, entre 1984 e 1992, começando pelas aulas no estúdio de Renée Gummiel (SP). Além das aulas, durante estes oito anos, fez assistência em cursos e participou de quatro processos criativos com Klauss. Zélia integrou o corpo docente da Pós-Graduação em TKV (PUC-SP).
No ensaio O legado angeliano por mim atravessado: através de cadernos escritos nos idos de 1980, Letícia Teixeira traz o aprendizado com Angel Vianna registrado em cadernos, no início de sua carreira como professora no Curso Profissionalizante de Formação de Bailarino na Escola Angel Vianna. Letícia integrou o corpo docente da FAV por longos anos e também o corpo docente da Pós-Graduação em TKV (PUC-SP).
Ceres Vittori Silva, em Pegadas da Técnica Klauss Vianna no caminho da cartógrafa, traz pistas que se cruzam entre os processos da Técnica Klauss Vianna (TKV) e da Cartografia. Ceres trabalhou com Rainer Vianna entre 1987 e 1992.
Soraya Jorge escreve em Testemunho do encontro com Rainer Vianna sobre seu especial contato com ele, “onde tudo começou”, como ela diz. Também conviveu com Angel e Klauss. Soraya é professora da FAV, na qual está há 30 anos como aluna e docente.
Em O olhar para a anatomia e cinesiologia dentro da Técnica Klauss Vianna: conversa com Marinês Calori, Izabel Martinelli entrevista Marinês sobre o desenvolvimento da TKV em seu próprio trabalho ao longo dos anos. Esta nos conta que, em 1988, entra em contato com as pesquisas de Klauss, Rainer e Neide Neves, o que a faz se interessar por estudos de anatomia e cinesiologia. Marinês Calori é docente no curso de Pós-Graduação em TKV. Izabel Martinelli é especialista em TKV e aluna de Marinês.
Joana Tavares, em A folha de papel, as palavras e os gestos de Angel Vianna, aborda aspectos da obra de Angel a partir da clássica “aula do papel”. Também levanta reflexões a partir da Jornada de Estudos sobre a Escola Vianna realizada no departamento de dança da Universidade de Paris-8.
Em O corpo e a imaginação coletiva ou um aprendizado para os nossos tempos, Fernanda Raquel nos convida a pensarmos sobre a dimensão política de nossas ações. A autora é docente no curso de Pós-Graduação em TKV.
Ana Clara Amaral, em Desejo e a imaginação de um corpo artista do teatro-dança brasileiro, é guiada pelas redes de afeto que a convidam a escrever, e assim o faz. Seu interesse na TKV começou a se aprofundar em 2005, quando passa a frequentar como aluna o curso livre em Técnica Klauss Vianna, oferecido por Jussara Miller no Salão do Movimento, em Campinas (SP). A partir de então, sua pesquisa continuada a faz ingressar na primeira turma do curso de Pós-graduação em TKV (PUC-SP), no ano de 2012.
No artigo Presença como chave para uma dramaturgia do movimento, Valquiria Vieira ilumina a presença, a partir da Técnica Klauss Vianna, para pensarmos sobre a dramaturgia que vai se construindo com esse olhar. Também fez parte da primeira turma formada em especialização em TKV (PUC-SP), integra a Equipe Editorial da revista e foi a propositora desta edição especial.
Alinhavar: um exercício sobre processos criativos em dança e escrita é um ensaio de Camila Soares que costura suas experiências com a prática aprofundada da TKV. Também foi aluna da primeira turma do curso de Pós-graduação em TKV (PUC-SP) e cofundadora da Revista TKV - Poéticas e Políticas do Corpo.
Em, Corpo, encontro em devir, Marcus Moreno aborda a urgência de capturar o instante do corpo que dança, tendo como acionamento o encontro com a Técnica Klauss Vianna. É especialista em TKV (PUC-SP).
Aproveitamos o momento para agradecer toda parceria e contribuição nestes 10 anos, que nos dão muitas razões para comemorar e força para seguir acreditando e pesquisando.
Boa leitura a todes!
Profª. Drª. Neide Neves
Coordenadora e professora do curso de Especialização em Técnica Klauss Vianna e membro do Conselho Editorial da Revista TKV – Poéticas e Políticas do Corpo
Lívia Sernache Rios
Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUCSP e membro da Equipe Editorial da Revista TKV – Poéticas e Políticas do Corpo